Além disso, Mauro Refosco, que participou de um dos melhores álbuns de 2010, Contra, do Vampire Weekend, também integra a superbanda Atoms for Peace, que acompanha o trabalho solo de Yorke. O “grupinho” paralelo foi formado, em 2009, pelo baixista Flea (Red Hot Chili Peppers), Nigel Godrich (“o” produtor de gente como Paul McCartney, Beck e o próprio Radiohead) e pelo baterista Joey Waronker (que tocou com o REM) para executar o repertório do CD The eraser (2006).
Mas Refosco minimiza a possibilidade de ter influenciado a sonoridade de The king of limbs (leia mais sobre o CD adiante): “Acho que foi apenas uma coincidência. Tocamos dois meses juntos e não houve muita troca de informações musicais. Não teve espaço para isso. Se há uma presença de forró neste disco, pode ser explicada pela linhagem da polca (gênero europeu que contribuiu com a formatação do forró)”.
Pelo sim ou pelo não, o certo é que o Forró in the Dark já está conseguindo ampliar a teia da música nordestina em Nova York, que parece ter se transformado no quartel-general do ritmo nos Estados Unidos, contando agora com mais quatro grupos tocando arrasta-pé, xaxado, xote e baião, tendo brasileiros e gringos em suas formações. “Isso é muito legal. Antes da gente, música brasileira aqui era só bossa nova e axé music”, lembra o percussionista, garantindo que o forró é muito bem recebido onde se apresente.
Após um começo em que dividia as regravações de clássicos do gênero, como Sebastiana e Baião, com músicas de sua autoria, a Forró in the Dark tem investido mais em composições próprias, e mostra que vem amadurecendo. É o que comprovam Forrowest, Lilou e Nonsensical. O grupo agora prepara o CD que vai suceder o Ligth a candle (2009), lançado pelo selo Nublu Records e National Geographic.
Desde a estreia, com Bonbfires of São João (2006), o conjunto já passou por mais de 20 países, como México, Canadá e até Brasil – foram três passagens pela própria terra, mas apenas no Sudeste. “A gente quer tocar forró no berço do forró”, afirma o percussionista, que pretende, neste ano, integrar a programação junina do Recife, de Caruaru e Campina Grande. “Vai ser a nossa prova de fogo”, supõe Refosco.
Por enquanto, o local exato para assistir ao show da Forró in the Dark é na boate Nublu, no East Village, onde o rala-bucho ocorre há oito anos, às quartas. É a opção certa para quem está disposto a gastar um pouco mais para arrastar a chinela em inglês.
DÉBORA NASCIMENTO, repórter especial da revista Continente.