Edição #104

Agosto 09

Nesta edição

Jardins de Burle Marx - O verde sobre a Cidade

Há elementos tão presentes no nosso cotidiano que nem nos damos conta deles. Ou melhor, deles nos apercebemos, mas não pensamos neles. Esse é o caso das letras com que lemos os textos. Enquanto focados na leitura, não nos preocupa que tipo de fonte tipográfica está sendo usada, se ela nos agrada ou facilita a fruição do texto.

A tipografia ou a arte de formalizar e estruturar a comunicação visual é um dos assuntos que trazemos nesta edição, que abordamos sob diversos aspectos, como os novos tipógrafos; a manutenção de gráficas com tipos móveis junto à crescente demanda por criação digital; e o mercado para esse tipo de produção em consonância com o ensino formal acadêmico.

Desde que adotou novo projeto gráfico, a própria Continente experimenta famílias diferentes de tipos. A revista foi a primeira publicação a usar a fonte Velino, criada pelo typedesigner português Dino dos Santos, autor também de outra fonte usada por nós, a Prelo, com a qual se lê este editorial. Nossos títulos são impressos com Archer, fonte criada pelos designers norte-americanos Jonathan Hoefler, Tobias Frère-Jones e Jesse Ragan.

Outro assunto que nos parece oportuno, e que é pouco valorizado no contexto da criação artística, são os videojogos. Esses jogos – comumente associados ao universo nerd, dos jovens que gastam horas imersos em realidade virtual – têm conquistado adeptos insuspeitos (os adultos que eram crianças quando eles surgiram?) e aumentado seu território, criando novas profissões e um competitivo setor na indústria do entretenimento. Os games aliam arte e tecnologia, indicando mudanças de comportamento social e de mercado que não podem ser ignoradas, ainda que muitas vezes resistamos a elas.

Por fim, esperamos que o leitor tenha a mesma satisfação que tivemos aqui na redação ao contemplar as imagens feitas por Tiago Lubambo para a nossa matéria de capa, uma afetuosa homenagem aos 100 anos de nascimento de Burle Marx. O paisagista, que era filho de pernambucana, viveu e trabalhou no Recife, legando à cidade um conjunto de jardins e praças que foram pensados para o lazer e a reflexão. Compartilhamos com os arquitetos que se empenharam nesse assunto o desejo de que logo se efetive o tombamento como patrimônio cultural das praças construídas por Burle Marx no Recife, para que elas sejam o testemunho de que é possível (e necessário) que valorizemos o acervo natural e arquitetônico de que dispomos.

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