Arquivo
Tereza Costa Rêgo
Pintora apresenta, com exclusividade, painel de 12 metros que acaba de concluir
Há elementos tão presentes no nosso cotidiano que nem nos damos conta deles. Ou melhor, deles nos apercebemos, mas não pensamos neles. Esse é o caso das letras com que lemos os textos. Enquanto focados na leitura, não nos preocupa que tipo de fonte tipográfica está sendo usada, se ela nos agrada ou facilita a fruição do texto.
A tipografia ou a arte de formalizar e estruturar a comunicação visual é um dos assuntos que trazemos nesta edição, que abordamos sob diversos aspectos, como os novos tipógrafos; a manutenção de gráficas com tipos móveis junto à crescente demanda por criação digital; e o mercado para esse tipo de produção em consonância com o ensino formal acadêmico.
Desde que adotou novo projeto gráfico, a própria Continente experimenta famílias diferentes de tipos. A revista foi a primeira publicação a usar a fonte Velino, criada pelo typedesigner português Dino dos Santos, autor também de outra fonte usada por nós, a Prelo, com a qual se lê este editorial. Nossos títulos são impressos com Archer, fonte criada pelos designers norte-americanos Jonathan Hoefler, Tobias Frère-Jones e Jesse Ragan.
Outro assunto que nos parece oportuno, e que é pouco valorizado no contexto da criação artística, são os videojogos. Esses jogos – comumente associados ao universo nerd, dos jovens que gastam horas imersos em realidade virtual – têm conquistado adeptos insuspeitos (os adultos que eram crianças quando eles surgiram?) e aumentado seu território, criando novas profissões e um competitivo setor na indústria do entretenimento. Os games aliam arte e tecnologia, indicando mudanças de comportamento social e de mercado que não podem ser ignoradas, ainda que muitas vezes resistamos a elas.
Por fim, esperamos que o leitor tenha a mesma satisfação que tivemos aqui na redação ao contemplar as imagens feitas por Tiago Lubambo para a nossa matéria de capa, uma afetuosa homenagem aos 100 anos de nascimento de Burle Marx. O paisagista, que era filho de pernambucana, viveu e trabalhou no Recife, legando à cidade um conjunto de jardins e praças que foram pensados para o lazer e a reflexão. Compartilhamos com os arquitetos que se empenharam nesse assunto o desejo de que logo se efetive o tombamento como patrimônio cultural das praças construídas por Burle Marx no Recife, para que elas sejam o testemunho de que é possível (e necessário) que valorizemos o acervo natural e arquitetônico de que dispomos.
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