Cobertura
O cinema e a representação da violência
'Tentei', Melhor Curta pelo Júri Oficial, e o longa 'O nó do diabo' despertam discussão no Festival de Brasília sobre a tradução imagética da crueldade
TEXTO Carol Almeida
25 de Setembro de 2017
'Tentei', dirigido por Laís Melo, aborda a violência doméstica
FOTO Jandir Santin
O texto que se segue não existiria sem o tempo de escuta e reflexão – tudo ainda muito incipiente, vale ressaltar –, de conversas que circularam durante a edição a 50ª edição do Festival de Brasília. Não apenas aquelas registradas em espaços institucionais, ou seja, nos debates promovidos pela própria organização do evento, mas também pelas trocas que acontecem às margens desses espaços, em rodas de conversas, durante o café, almoço e a cerveja do fim de noite. Escrever isso parece desnecessário, redundante e, em certa medida, um prólogo que enfraquece o status de autoralidade das ideias, ao mesmo tempo que pode ser lido como uma tentativa de se eximir da responsabilidade de lançar essas ideias com uma assinatura própria.
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O ousado gesto de apenas existir
Café com canela, filme de Glenda Nicácio e Ary Rosa, realizado no interior baiano e exibido no 50º Festival de Brasília, mostra a destreza de um novo cinema
TEXTO Carol Almeida
20 de Setembro de 2017
Elenco e equipe do filme são formados majoritariamente por pessoas negras
FOTO Rosza Filmes
Oxum, rainha das cachoeiras, orixá do amor e da prosperidade, clama o corpo do filme. Força movendo planos, luz, falas, medos, desejos, fantasmas, o de dentro e o de fora do quadro. Intensidade de renovação, água que limpa e abraça numa história que conta a morte para falar sobre as possibilidades do viver, não apenas dos personagens em cena, mas do próprio cinema. Café com canela, primeiro longa-metragem de Glenda Nicácio e Ary Rosa é da ordem (ou desordem) da presença e do tato sem, contudo, perder a potência narrativa e associativa das imagens.
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“Belíssima máquina de manutenção do status quo”
Festival de Brasília inicia sua 50ª edição com três filmes que provocaram debate sobre o papel do cinema na questão racial
TEXTO Carol Almeida
18 de Setembro de 2017
'Vazante', longa-metragem de Daniela Thomas
FOTO Ricardo Telles
A responsabilidade de fazer uma curadoria de um festival de cinema, tenha ele o tamanho que for, passa por saber identificar a potência das imagens quando elas são colocadas em atrito. Há aí um exercício de montagem, igualmente cinematográfico, de juntar filmes que, uma vez dispostos um ao lado do outro, construam uma história própria que vai além de suas respectivas propostas individuais. E a história que foi contada na primeira noite da mostra competitiva do 50º Festival de Brasília foi um testemunho sensível de como o próprio cinema, esse a quem se reivindica um papel fundamental no pensamento crítico sobre ser brasileiro, é também um manifesto das sobrevivências coloniais que pairam sobre nós. Um testemunho de que as estruturas opressoras do Brasil escravocrata se repetem nos atos falhos do próprio pensamento da elite intelectual de esquerda.
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O choque do cinema com a complexidade
A partir de perfil da polícia que reprime protestos na rua, 'Por trás da linha de escudos', novo filme de Marcelo Pedroso, que estreia neste mês em dois festivais, desvenda algo maior
TEXTO Carol Almeida
04 de Setembro de 2017
O diretor Marcelo Pedrodo é também um dos personagens do filme
FOTO Lívia de Melo
A Revista Continente teve acesso, em primeira mão, ao mais novo trabalho do diretor Marcelo Pedroso, o filme Por trás da linha de escudos. O novo longa do cineasta pernambucano estreia neste mês tanto no Cachoeira Doc (dia 9) quanto no Festival de Brasília (dia 21), evento que vamos mais uma vez cobrir. Confira abaixo a nossa revisão crítica do filme.
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