Continente na Berlinale 2018
Competição e vários Brasis se encontram nas projeções da 68ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim, a Berlinale, realizada de 15 a 25 deste mês. Estaremos lá fazendo cobertura
TEXTO LUCIANA VERAS, DE BERLIM*
15 de Fevereiro de 2018
'Bixa travesty', documentário de imersão na trajetória de Linn da Quebrada está em mostra do festival
Foto Nubia Abe/Divulgação
A revista Continente cobre, a partir desta quinta-feira de Cinzas (16/2), com neve em algumas partes da Alemanha, a 68a edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim. A Berlinale, conhecida e reconhecida como o evento que abre o calendário cinematográfico mundial, espalha-se pela capital alemã como uma raiz a ocupar e municiar todo um fértil território de exibições, discussões, reflexões e, claro, contradições.
Dezenove filmes concorrem aos Ursos de Ouro e Prata a serem distribuídos no sábado (24/2) – entre eles, o novo do filipino Lav Diaz, Ang panahon ng Halimaw (vertido para o inglês como Season of the devil); o novo de Gus Van Sant, Don’t worry, he won’t get far on foot; Eva, do francês Benoit Jacquot; e Las herederas, de Marcelo Martinessi, uma coprodução Paraguai/Uruguai/Alemanha/Brasil que recebeu recursos da Agência Nacional do Cinema – Ancine. Martinessi volta a Berlim após participar, com curtas-metragens, das seções da Berlinale Shorts e Berlinale Generation.
Tem também o novo do francês Cédric Kahn, La prière, a animação Isle of dogs, do norte-americano Wes Anderson, e Transit, do germânico Christian Petzold (presente na Berlinale 2015 com o belo Phoenix). O júri é presidido pelo cineasta alemão Tom Tykwer (Corra, Lola, corra) e formado também pela atriz belga Cécile de France, pelo fotógrafo e ex-diretor da Filmoteca Española Chema Prado, pela produtora norte-americana Adele Romanski (Moonlight) e pelo compositor japonês Ryüichi Sakamoto e a crítica norte-americana Stephanie Zacharek.
E BRASIL?
José Padilha, vencedor do Urso de Ouro em 2008 por Tropa de Elite, participa da seleção oficial, mas fora de competição, com 7 days in Entebbe, uma coprodução EUA/Grã-Bretanha que reconta o sequestro de um voo da Air France entre Paris e Tel Aviv, ocorrido em 1976. Daniel Brühl e Rosamund Pike estrelam. Na Berlinale Shorts, um curta pernambucano, Terremoto santo, de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca, mais uma vez a esfumaçar as fronteiras de linguagem e estéticas entre artes visuais e cinema, e um outro mineiro, Alma bandida, de Mário Augusto Pereira, rodado todo na mesma Cordisburgo de Guimarães Rosa.
Assista ao trailer do novo filme de Padilha:
Porém, há mais Brasil espalhado em outras seções da Berlinale. Na Panorama, os cineastas paulistanos Claudia Priscila e Kiko Goifman apresentam Bixa travesty, um documentário de imersão na trajetória e na epiderme de Linn da Quebrada, artista, trans, mulher, rapper (ou funkeira?) que desdobra convenções. Luiz Bolognesi, roteirista de Como nossos pais, exibe Ex-pajé, sobre um xamã que vira evangélico.
Ainda representando a produção audiovisual brasileira contemporânea, os jovens realizadores gaúchos Marcio Rolon e Filipe Matzembacher trazem Tinta bruta e um olhar sobre o controverso rito de impeachment de Dilma Rousseff surge em O processo, documentário de Maria Augusta Ramos que também faz sua première mundial na Panorama. Acaso ou não, o mote deste programa da Berlinale é a seguinte pergunta: qual é o seu veneno?
Ante qualquer resposta, numa Berlim de 2 graus, o cinema oferece múltiplas possibilidades de mergulhos ou antídotos.
Acompanhe, por aqui, a nossa cobertura diária da 68a Berlinale.
*A repórter especial viajou para cobrir o festival através de uma parceira entre a revista Continente e o Centro Cultural Brasil-Alemanha (CCBA).