CONTINENTE Como vê a produção da animação em stop motion na América Latina?
WALTER TO URNIER Essa produção é ainda muito pequena e de difícil acesso, já que, em muitos casos, são filmes em curta-metragem, com pouca chance de difusão. Vivienne Barry, René Castillo, Juan Pablo Zaramella, Rodolfo Pastor são referências do stop motion no nosso continente. No caso do Brasil, estou curioso com o longa Minhocas (produção do Animaking), que está sendo realizado e que espero ver pronto.
CONTINENTE Neste tempo da animação em 3D, o que acha que mais motiva a realização de filmes em stop motion?
WALTER TO URNIER Acho que a animação em stop motion nos aproxima mais da realidade. A pureza e a perfeição do virtual provocam uma distância do espectador, enquanto que o stop motion estabelece uma relação mais direta com os objetos, mostra-nos um mundo que, embora inexistente, nos avizinha do verdadeiro, pelo espaço e também por certa imperfeição dos seus cenários e personagens. Com essa técnica tradicional, o animador manipula objetos reais e não virtuais ou planos. Ele penetra nesse pequeno mundo, existente apenas em escala menor, mas que a câmera irá dissimular. Esse é um desafio que motiva muitos realizadores.
ANA FARACHE, Mestre e doutoranda em Comunicação pela UFPE, jornalista e fotógrafa.