Curtas

Dorinha, meu amor

Espetáculo de João Falcão narra a temática romântica através do cancioneiro nacional

TEXTO Sofia Lucchesi

05 de Setembro de 2017

A cantora e atriz Isadora Melo em Dorinha

A cantora e atriz Isadora Melo em Dorinha

FOTO Flora Negri/Divulgação

Quase 20 anos depois de sua última apresentação em Pernambuco com o sucesso A máquina (2000), o dramaturgo João Falcão retorna ao Recife, sua cidade natal, em parceria com a cantora e atriz Isadora Melo. O encontro entre gerações artísticas distintas deu origem ao musical Dorinha, meu amor, com repertório de canções que perpassam de Noel Rosa a nomes da música contemporânea, como o pernambucano Juliano Holanda – que subirá ao palco junto à Isadora durante a temporada de dois meses no Teatro Arraial Ariano Suassuna. A temática do amor no cancioneiro brasileiro é a premissa do espetáculo, que tem estreia marcada para a quinta-feira (7), às 20h.

Dorinha, meu amor, canção composta por Mário Reis – contemporâneo de Ary Barroso, conhecido como “bacharel do samba” – no final dos anos 1920, não é apenas parte do repertório, mas é um tipo de persona encarnada por Isadora para as interpretações do espetáculo – que é show, mas tem forte influência teatral. “Dorinha é muitas pessoas, mas não é Isadora. É um personagem criado a partir dos caminhos de uma procura por outras vozes, outros corpos”, explica a cantora e atriz de 27 anos, que lançou seu primeiro disco solo, Vestuário, em 2016. “Eu e Isadora tivemos essa ideia a partir de uma oficina que ministrei no Recife no ano passado, que era sobre cantar músicas brasileiras em situação de personagem. É um espetáculo baseado no amor em diversas situações, esse ‘estado’ de apaixonamento por outra pessoa. São pequenas histórias e situações, baseadas nas canções do repertório”, conta o diretor, que já havia trabalhado com a artista em Gabriela, o musical e na minissérie global Amorteamo.

Com o repertório ainda em aberto, o critério de escolha se dá a partir de composições brasileiras nos últimos 100 anos. Sobre processo de criação, ainda em andamento, Isadora conta: “O amor está muito presente em todas as fases da canção brasileira, em vários pontos de vista, e ainda é algo muito presente na música contemporânea. Nesse sentido, Dorinha é um musical sobre o amor em suas várias formas na canção. Até agora, tem sido um grande painel sobre o que pode ser o amor”.

Para a realização de Dorinha, foi lançada uma campanha de financiamento coletivo na internet, ainda disponível, que conta com a participação de mais de 50 colaboradores. A montagem é uma produção pequena e colaborativa, com Juliano Holanda e Rafael Marques – diretores musicais do espetáculo – bastante presentes durante toda a concepção de Dorinha, que trará um convidado especial diferente a cada apresentação. Durante a temporada entre os meses de setembro e outubro – sempre às quintas-feiras – vão subir no palco do Teatro Arraial oito músicos e intérpretes convidados: Zé Manoel, Ylana Queiroga, Rafael Cavalcanti, Isaar, Thiago Martins, Almério, Flaira Ferro e Jr. Black. “É uma ação entre artistas e amigos, pessoas que se admiram. É algo pequeno, mais intimista, que envolve muita gente, desde esse processo de arrecadação de recursos”, explica o diretor.

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