Música

Um evento operístico e popular

Teatro de Santa Isabel recebe, de 15 a 31 de agosto, o VI Festival de Ópera de Pernambuco, com três montagens, sob a coordenação do maestro Wendell Kettle

15 de Agosto de 2025

Maestro Wendell Kettle

Maestro Wendell Kettle

Foto Divulgação

O Teatro de Santa Isabel recebe, de 15 a 31 de agosto, o VI Festival de Ópera de Pernambuco. Idealizado pelo maestro Wendell Kettle, também diretor artístico, o Fope se tornou um dos eventos centrais para a retomada da ópera no estado. Os homenageados desta edição são Maurício de Sousa (90 anos), José Alberto Kaplan (90 anos) e Johann Strauss II (200 anos).

Em 2025, a programação do festival apresenta três obras: A Turma da Mônica em A amizade é tudo (15, 16 e 17), O Refletor (22, 23 e 24) e O Morcego (29, 30 e 31). Como demonstração do investimento no público infantil, o Fope inicia com o espetáculo voltado para essa plateia. Em 2024, o evento teve êxito ao “operizar” O Menino Maluquinho, que abriu a programação com a homenagem a Ziraldo, que havia falecido em abril daquele ano.

“É um projeto inovador, porque são crianças cantando, mais especificamente, para crianças. Quando a gente ouve falar da ópera infantojuvenil e da peça de teatro infantojuvenil, na maioria das vezes, são adultos que estão fazendo performances voltadas para crianças. Aqui, não. São as próprias crianças que cantam em todo o espetáculo”, explica Wendell Kettle, afirmando que é algo inédito um coro infantil participar de uma obra inteira. 

O REFLETOR
Baseada na peça Lux in tenebris (1919), de Bertolt Brecht, O Refletor, do compositor pernambucano José Alberto Kaplan, é uma ópera de câmara cuja narrativa desmascara a hipocrisia de um suposto reformista moral que alerta a população sobre os riscos das doenças sexualmente transmissíveis, usando um refletor para "iluminar" a zona do meretrício, comandada por uma fervorosa Cafetina. No entanto, sua cruzada contra a exploração esconde ambições obscuras.

O MORCEGO
A programação do festival tem encerramento com a opereta O Morcego, de Johann Strauss II, nos dias 29, 30 e 31 de agosto. A obra foi composta com libreto de Carl Haffner e Richard Genée, com base no vaudeville francês Le Réveillon. A opereta reúne música, balé e entretenimento. A história acontece durante uma festa de réveillon e apresenta os disparates do burguês Eisenstein nas mãos do diretor de teatro, senhor Falke.

MAESTRO
Sob a coordenação do maestro Wendell Kettle, o Fope tornou-se o principal vetor da produção operística local. Por meio do festival, Pernambuco tem assistido à reestreia de títulos esquecidos como Leonor (1883), de Euclides Fonseca (1853-1929), primeiro compositor de ópera do estado, cuja montagem com cenografia e figurinos somente ocorreu em 28 de março de 2019, no Teatro Santa Isabel, no I Fope. Também do autor, foram encenadas Il Maledetto (1902-03) e A princesa do Catete (1883). Nestes casos, a realização dos espetáculos abrangeu o trabalho de restauração e editoração de partituras. 

Além do resgate de partituras, o Fope tem outra peculiaridade. "Nossa escola operística contém todos os elementos da nossa cultura popular, mas demonstradas numa linguagem universal, que é a ópera. Por exemplo, a sinfonia, outra linguagem universal, quando o Villa-Lobos sinfoniza, digamos assim, uma linha, um tema musical indígena, está colocando numa linguagem universal aquilo que está mais arraigado da nossa história, do nosso folclore, do nosso povo. A ópera nada mais é do que isso. Só que, no Brasil, a gente não tem essa valorização da ópera nacional. A gente valoriza, às vezes, muito mais a ópera estrangeira. Então, o nosso trabalho, o nosso ideal, é que possamos ter aqui no Nordeste, no Recife, um solo fértil para o desenvolvimento e a valorização da nossa ópera. Então, com isso, vamos mostrando que a ópera não é elitista”, analisa o maestro.

Wendell Kettle cita o exemplo da A compadecida, obra de José Siqueira, para falar do uso da cultura popular: “Em vez de balé de ponta, na hora da dança, temos a nossa dança popular, por exemplo. Então, temos um repertório muito rico que, às vezes, não é valorizado. Como apresentamos a nossa ópera em português, nossa cultura, com as nossas tradições folclóricas etc, vamos desmitificando isso de que a ópera é algo de acesso complicado. A ópera é acessível a todos. E, no nosso caso, até às crianças, também”. 

SERVIÇO
V Festival de Ópera de Pernambuco
De 15 a 31 de agosto – Teatro de Santa Isabel
A Turma da Mônica em A amizade é tudo - 15/8, às 17h30; 16/8, às 17h e 19h30; e 17/8, às 16h e 18h30
O Refletor - 22 e 23/8, às 20h; 24/8, às 19h
O Morcego - 29 e 30/8, às 19h; 31/8, às 18h
Ingressos a partir de R$ 30 na bilheteria do Teatro de Santa Isabel
Mais informações: @festivaloperape

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