A segunda noite de McCartney em BH
Ex-beatle fez algumas mudanças no repertório do show
TEXTO Marcelo Abreu
06 de Dezembro de 2023
McCartney levou 40 mil pessoas à Arena MRV, na segunda-feira (4)
Foto Marcos Hermes/Divulgação
[conteúdo exclusivo Continente Online]
Fiel ao preceito de dar um gostinho a mais àqueles que repetem a dose e assistem a mais de um show na mesma cidade, Paul McCartney variou o repertório na segunda noite de apresentações em Belo Horizonte. Começou o show na Arena MRV com A hard day’s night, apropriada para uma noite de segunda-feira, no lugar da tradicional Can’t buy me love. Lá para o meio do show, trocou New por Queenie eye, ambas do mesmo disco, de 2014. E no grupo de canções do bis, trocou Birthday por I saw her standing there, do primeiro disco dos Beatles, que bota todo mundo pra dançar.
Cerca de 40 mil pessoas assistiram ao show extra em Belo Horizonte, o único da atual excursão pelo Brasil que, de acordo com a produção, não teve ingressos esgotados com antecedência. É curioso como esses shows extras atraem um público, em geral, menos fanático pelos Beatles (aqueles que correram menos em busca de ingressos), o que é visível já na maneira de se vestir. Mas é um público tão propenso a se render aos encantos do espetáculo de quase três horas quanto qualquer outro.
Desta vez, Paul McCartney demonstrou um pouco de rouquidão na voz, perceptível ao falar com a plateia durante os intervalos entre uma música e outra. Como de costume, falou um pouco em português, dessa vez “um bocadim”, como disse em bom mineirês. E foi visto tomando um gole de alguma coisa no palco, o que é mais do que natural, porém, no caso dele, raro. Mesmo assim, não se poupou ao cantar as partes mais agudas de músicas como Letting go, Maybe I’m amazed, She’s a woman e Helter Skelter, por exemplo. Afinal, inspirado no pioneiro norte-americano Little Richard, McCartney é um dos grandes screamers do rock.Milton Nascimento, Charles Gavin e Lô Borges, na área vip da Arena MRV
Foto: Marcos Hermes/Divulgação
O show teve, de novo, a presença na plateia de Milton Nascimento, sentado num espaço vip do gramado, na chamada pista premium. Milton estava desta vez ao lado de Lô Borges e Charles Gavin (baterista do Titãs). Da banda, que faz show na cidade, estava presente ainda Paulo Miklos. E do mundo do rock também estavam Fernanda Takai (que tem uma versão de In my life, dos Beatles, executada pelo DJ antes dos shows de Paul) e alguns músicos do mineiro Jota Quest.
A relação dos mineiros com os Beatles é antiga. Belo Horizonte se orgulha de organizar o “segundo maior festival cover” da banda inglesa, conhecido como BH Beatles Week. E não custa ressaltar: na MPB, ninguém reconheceu mais a influência dos Beatles do que o grupo de mineiros do chamado Clube da Esquina (Milton, os irmãos Lô e Márcio Borges, Beto Guedes, os compositores Fernando Brant e Ronaldo Bastos – além de Flávio Venturini e o 14 Bis, um pouco depois). Então, é natural que pelo menos dois deles marquem presença quando o grande representante dos Beatles visita Minas Gerais, pela terceira vez.
MARCELO ABREU, jornalista e autor de livros de viagens.