Audiovisual

Festival Cine Maré promove 2ª edição

Com estreia de cinco filmes, mostra competitiva e rodas de conversa no Cinema São Luiz, obras audiovisuais de curta-metragem de ficção são exibidas em programação gratuita que reúne diálogo, premiação e shows, neste sábado (20/9)

16 de Setembro de 2025

Foto Kael Medeiros/Divulgação

O Festival Cine Maré — plataforma dedicada ao fortalecimento do audiovisual periférico em Pernambuco — celebra a sua 2ª edição, no sábado (20/9), com a programação no Cinema São Luiz (Rua da Aurora, 175, Boa Vista, Recife). A entrada é gratuita e a primeira atividade começa às 14h, abrindo com as rodas de conversa. À noite, a partir das 18h, ocorre a estreia de cinco filmes de ficção, todos de curta-metragem e incentivados pelo Cine Maré. 

A festa continua no centro do Recife com música local, a partir das 22h, trazendo shows de Shevchenko, banda Espartilho e Dj Thalligeira, no Umbral das Artes (Rua Ulhôa Cintra, nº 122, próxima ao Pagode do Didi, bairro de Santo Antônio), pelo after Cine Maré, com acesso gratuito. O brega tradicional e original e o brega-funk, ambos pernambucanos, instigam o público. 

Além da exibição na sala de cinema, as obras estão na mostra competitiva do festival, com júri técnico, votação popular — durante o festival, na internet — e premiação em dinheiro para as três primeiras colocações. O Cine Maré existe desde 2024, sendo uma criação coletiva entre a produtora Tássia Seabra, o roteirista João Henrique Souza e o artista visual e curador Shell Osmo, com a realização da Seabra Produção (PE). Inicialmente, surgiu como um laboratório formativo de cinema para jovens e adultos da periferia, possibilitando oficinas gratuitas de roteiro, direção e produção, por meio de bolsas de permanência para garantir a participação das pessoas selecionadas. 

Espaço artístico-cultural da coletividade, do compartilhamento e da expressão da identidade, o Festival Cine Maré destaca que as habilidades criativas desenvolvidas para a montagem dos filmes foram pensadas a partir de temáticas racial, social, de gênero, política, cultural e educativa. Os novos curtas levam os títulos: “Atribulado, uma História de amor, crime e brega” (direção: Hood Bob); “Besta Fubana” (direção: Artia); “Ecos do Tempo” (direção: Renato Izaias); “Receptáculo” (direção: Isadora Clemente) e “Retrato Falado” (direção: Maria Rocha). Três nomes compõem o júri técnico da mostra competitiva: Carol Vergolino, Heitor Dhalia e Erlânia Nascimento. 

“O Cine Maré nasceu para democratizar o acesso ao cinema, formar realizadoras e realizadores a partir de suas vivências e potencializar narrativas periféricas que muitas vezes ficam invisíveis. É mais do que um laboratório, é um movimento de transformação social e cultural. A plataforma Cine Maré consegue enxergar além das bolhas que dominam o audiovisual no Estado, mergulhando nessa lama toda e lapidando os diamantes que vamos ter a oportunidade de conhecer no dia 20 de setembro no Cinema São Luiz, que fica no coração do Recife”, contextualiza a diretora geral Tássia Seabra. 

O Festival Cine Maré junta realizadoras, realizadores, produtoras, produtoras, artistas e público da arte e das culturas popular, negra e indígena, sobretudo das periferias da Região Metropolitana do Recife (RMR), sendo um ambiente de formação, troca, visibilidade e celebração. 

Durante seis meses de atividades em 2025, dez projetos foram selecionados para a oficina de roteiro, dos quais cinco avançaram para as etapas de direção, produção e filmagem. O objetivo é justamente incentivar a criação de curtas-metragens de ficção inéditos, com a realização completa das pessoas contempladas pelo Festival Cine Maré, desde a ideia conjunta até a exibição na tela grande.

“O Cinemaré é a prova de que cinema não precisa e nem pode ser uma forma de arte para poucas pessoas e grupos. As pessoas da periferia do Recife têm talento, inteligência, sensibilidade e criatividade. Basta que exista incentivo para vermos aflorar uma nova e genial cena. O Cinemaré veio para ser esse aliado e comprometido com a democratização do audiovisual pernambucano”, declara João Henrique Souza, do Mundo Bita. 

Para 2025, a produção do festival reafirma o Cine Maré como uma iniciativa de formação e compartilhamento do cinema, feito nas margens e ocupando o centro da tela. Na edição de estreia, em 2024, no Teatro do Parque (centro do Recife), houve a presença de mais de 600 pessoas.

A ficha técnica desta edição do Cine Maré é composta por muitos profissionais pernambucanos: Tássia Seabra (coordenação geral e curadoria); João Henrique Sousa (curadoria e facilitação); Shell Osmo (direção criativa e curadoria); Ingrid Veloso (coordenação audiovisual e oficineira); Patrícia Souza (coordenação de comunicação e mídias sociais); Raquel Souza (coordenadora técnica); Kael Medeiros (criador de conteúdos e designer gráfico); Mariana Fantato (marketing); Daniel Lima (assessoria de imprensa). 

A 2ª edição do Festival Cine Maré tem incentivo público, com o financiamento pelo edital da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), por meio do Ministério da Cultura e Governo Federal e no município pela Prefeitura da Cidade do Recife e Secretaria de Cultura. Também reúne o apoio da TV Tribuna (afiliada da Band no Recife), MR Plot, Mundo Bita e Umbral das Artes.

“A realização do festival faz com que o cinema periférico amplie seus horizontes, conquistando a pauta dentro de um dos espaços mais históricos do audiovisual brasileiro e mundial, que é o Cinema São Luiz. Nesse local de memória, da arte e da arquitetura, o Cine Maré fortalece as vozes que vêm da periferia e que estão no centro da transformação. É mais que um festival, é uma afirmação de que o cinema das quebradas não pede licença, ele ocupa, transforma e permanece”, pontua a produção. 

Rodas de conversa
O momento de dialogo traz debates sobre desafios e potências do audiovisual negro e periférico. Para além da formação artística, o Cine Maré também é uma oportunidade de geração de renda, investindo em profissionais locais como curadoras, curadores, facilitadoras, facilitadores, mediadoras, mediadores, jornalistas, equipe de produção executiva, geral e técnica da RMR. Todo mundo envolvido com as rodas de conversa atua na arte, audiovisual, cultura, educação etc, sendo a maioria absoluta de origem periférica.  

O tema da roda de conversa de abertura, às 14h, é “Do lado de fora da tela: barreiras e resistências do cinema periférico”, com mediação da pernambucana Ingrid Veloso e participação de Yane Marques, Kalor Pacheco, Carícia Nomy e João Henrique Souza, que também são de Pernambuco. “Discussão sobre os obstáculos enfrentados por pessoas periféricas para acessar espaços de formação, produção e exibição audiovisual, e como iniciativas comunitárias têm criado caminhos alternativos para romper essas barreiras”, diz a chamada de apresentação. 

A segunda rodada, às 15h, tem mediação da recifense Tássia Seabra e participação das pernambucanas Erlânia Nascimento e Gleyci Nascimento e do baiano Gui Silva, com a temática “Protagonismo em construção: narrativas negras e periféricas no cinema”. “Mais do que ocupar as telas como personagens, é urgente ocupar também os espaços de criação, decisão e poder no cinema. Esta roda de conversa propõe refletir sobre o protagonismo de realizadores (as) negros (as) e periféricos (as) no roteiro, na direção e na produção, trazendo novas estéticas e perspectivas que questionam a narrativa hegemônica e apontam para um cinema mais diverso e representativo”, diz a apresentação. 

TV aberta
Para ampliar o alcance e consequentemente dar mais visibilidade, o Cine Maré está em parceria durante o festival com a TV Tribuna (afiliada da Band no Recife), que, após a realização no Cinema São Luiz, vai exibir os cinco filmes em sua programação na televisão aberta. 

SERVIÇO
Festival Cine Maré (2ª edição) 
Onde:
Cinema São Luiz (rua da Aurora, nº 175 - bairro da Boa Vista, centro do Recife)
Quando: 20 de setembro de 2025 (sábado), a partir das 14h 
Quanto: Acesso gratuito
Mostra competitiva + rodas de conversa + shows (after Cine Maré)

PROGRAMAÇÃO
14h - Roda de conversa 1 - “Do lado de fora da tela: barreiras e resistências do cinema periférico”
Discussão sobre os obstáculos enfrentados por pessoas periféricas para acessar espaços de formação, produção e exibição audiovisual, e como iniciativas comunitárias têm criado caminhos alternativos para romper essas barreiras.
Mediação: Ingrid Veloso
Participação: Yane Marques, Kalor Pacheco, Carícia Nomy e João Henrique Souza

15h - Roda de conversa 2 - “Protagonismo em construção: narrativas negras e periféricas no cinema”
Mais do que ocupar as telas como personagens, é urgente ocupar também os espaços de criação, decisão e poder no cinema. Esta roda de conversa propõe refletir sobre o protagonismo de realizadores(as) negros(as) e periféricos(as) no roteiro, na direção e na produção, trazendo novas estéticas e perspectivas que questionam a narrativa hegemônica e apontam para um cinema mais diverso e representativo.
Mediação: Tássia Seabra 
Participação: Erlânia Nascimento, Gleyci Nascimento e Gui Silva 

18h - Mostra competitiva 
Exibição dos cinco filmes incentivados pelo Cine Maré, que participam de uma mostra competitiva com votação popular e premiação em dinheiro para o primeiro, segundo e terceiro lugares. 
“Atribulado, uma História de amor, crime e brega”- (direção: Hood Bob)
“Besta Fubana” - (direção: Artia)
“Ecos do Tempo” - (direção: Renato Izaias)
“Receptáculo” - (direção: Isadora Clemente)
“Retrato Falado” - (direção: Maria Rocha)

22h - Shows (after Cine Maré)
Onde: Umbral das Artes - rua Ulhôa Cintra, nº 122 (na rua do Pagode do Didi)
Atrações de artistas e bandas de Pernambuco: Shevchenko, banda Espartilho e Dj Thalligeira
Quanto: Acesso gratuito

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