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“Baile do Menino Deus” estreia em Goiana

Tradicional espetáculo foi encenado pela primeira vez, no último sábado (6), fora do Recife sob direção geral de Ronaldo Correia de Brito

09 de Dezembro de 2025

Foto Izabele Brito/Divulgação

A Praça da Misericórdia, em Goiana, ficou lotada no sábado (6) para receber a estreia do “Baile do Menino Deus” na cidade da Zona da Mata Norte. Esta é a primeira vez que o espetáculo, reconhecido como o maior auto de Natal do país baseado na cultura brasileira, é encenado fora do Recife sob direção de Ronaldo Correia de Brito. No Marco Zero, está confirmada a apresentação nos dias 23, 24 e 25 de dezembro, às 20h - e, antes, no dia 14, o Baile realiza um cortejo gratuito pelas ruas do Recife Antigo, a partir das 15h30.

A apresentação começou por volta das 20h10, sobre um palco de 200 metros quadrados desenvolvido pelos diretores de arte e cenografia, Sephora Silva e Marcondes Lima. As paredes da igreja histórica, inaugurada em 1726, receberam projeções criadas por Gabriel Furtado, que assina a videocenografia. O local foi escolhido para receber o espetáculo junto com a Prefeitura de Goiana, patrocinadora junto com a Hemobrás e o Governo do Brasil.

A direção de produção é de Tomás Brandão e a direção executiva, de Tainá Menezes. O projeto é encabeçado pela TBC Produções em parceria com a Relicário Produções, à frente da montagem no Marco Zero. O elenco é o mesmo do Recife, com poucas substituições pontuais, assim como os figurinos.

ENREDO
Lançado em 1983, o auto de Natal foi escrito por Ronaldo Correia de Brito com Assis Lima e tem músicas de Antonio Madureira. Com o diferencial de contar com elementos nacionais a história mais conhecida da cultura ocidental, o nascimento do menino Jesus, o Baile costura, no palco, manifestações como cantigas, danças, brincadeiras, costumes, rezas, figuras folclóricas e outras linguagens em vez de trenós, papai noel, renas, neve etc.

A trama é guiada por dois Mateus, personagens incorporados dos reisados e interpretados por Arilson Lopes e Sóstenes Vidal, em busca de uma porta atrás da casa onde nasceu o menino Jesus - metáfora atemporal para o empenho constante por oportunidades, esperança e realização em um mundo obstruído por privilégios, inacessibilidade e desigualdades.

O objetivo da dupla de brincantes, com textos ora poéticos, ora cômicos, é reverenciar o recém-nascido e pedir autorização da família para promover uma festa. Na brincadeira de Natal promovida pelo “Baile do Menino Deus”, José é sanfoneiro, vivido pelo multi-instrumentista e compositor paraibano Lucas Dan. Maria fica sob a batuta da cantora, compositora, atriz e bailarina Laís Senna.

Durante o percurso em buca da casa, eles se deparam com seres fantásticos, como o temível Jaraguá e a Burrinha Zabilin, o Boi, o Anjo Bom, ciganas e os Santos Reis, representados pelos três principais povos formadores da identidade étnica, social e cultural do Brasil: negros, indígenas, ibéricos. Os atores Djaelton Quirino e Daniel Barros (que fazem Mateus no Marco Zero) e o bailarino José Valdomiro interpretam os reis magos.

Os cantores Isadora Melo, Sue Ramos, Gabi Martinez, Sarah Leandro, Carlos Filho, Guilherme Jacobsen, Cláudio Rabeca e Ricardo Santos se revezam nos microfones, acompanhados por música ao vivo executada por uma afinada orquestra sob regência do maestro e bandolinista Rafael Marques e composta por Ângelo Lima, Emerson Coelho, Emerson Rodrigues, Felipe Costta, João Pimenta, Aristide Rosa, Raquel Paz e Jonatas Gomes.

As cenas são acompanhadas pelos passos do corpo de baile formado por Isabela Loepert, Marcela Aragão, Gabi Carvalho, Jonas Alves, José Valdomiro, Tiago Vieira, Fernando Gomes, Pinho Fidelis e Maycon Douglas, sob coreografia de Sandra Rino. A junção de todos esses elementos perpetua a história criada na década de 1980 e já reproduzida Brasil afora em shows, recitais e cantadas amadoras e profissionais.

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