28º Festival Internacional de Dança do Recife começa na sexta (17)
Programação gratuita, que acontece entre 17 e 26 de outubro, apresenta mais de 20 espetáculos pelos teatros e espaços públicos da cidade, com artistas e coletivos recifenses, da França, Espanha, Argentina, São Paulo, Minas Gerais e Bahia
15 de Outubro de 2025
O espetáculo “Piracema”, do Grupo Corpo
Foto José Luiz Pederneiras/Divulgação
Entre os próximos dias 17 e 26 de outubro, a capital pernambucana vai se encher de movimento para celebrar a 28ª edição do Festival Internacional de Dança do Recife. Em vários teatros e espaços públicos da cidade, serão apresentados mais de 20 espetáculos, reunindo grupos e artistas do Recife, do Brasil e do mundo.
Artistas e coletivos da França, Argentina e Espanha vão se apresentar nos palcos do Festival, promovendo o encontro de corpos e poéticas, contundências e sensibilidades, regionalidades e universalidades. Da geografia da dança brasileira, São Paulo, Minas Gerais e Bahia irão garantir representatividade e diversidade. Mas o protagonismo da programação será dos grupos pernambucanos, que vão responder por mais de 70% das atrações dos dez dias de evento.
Com o tema “Memória em movimento”, o festival, que terá atividades gratuitas e promoverá a arrecadação solidária de alimentos, renderá homenagem ao Acervo RecorDança, coletivo pernambucano dedicado à salvaguarda da memória da dança no estado. A programação, oferecida pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, contará ainda com aulão de frevo, exposição de artes visuais, Cine Dança e oficina, além de mais uma edição do projeto Primeira Cena, iniciativa que abre os palcos da cidade para artistas e grupos iniciantes, fomentando a circulação de processos artísticos em formação, incentivando a diversidade de estilos e linguagens e fortalecendo o diálogo entre diferentes gerações da dança no Recife.
A abertura da programação vai ser feita pelo Grupo Corpo, de Minas Gerais, que comungará duas celebrações num só palco: a estreia do festival e o aniversário de 50 anos do coletivo. Criado em comemoração às cinco décadas de trajetória de uma das mais celebradas e longevas companhias de dança brasileiras, o espetáculo Piracema, que acaba de entrar em circulação no país, será apresentado em duas sessões, nesta sexta e neste sábado (17 e 18), no Teatro de Santa Isabel.
Marcando a parceria de Rodrigo Pederneiras e Cassi Abranches, com trilha inédita de Clarice Assad e cenografia de Paulo Pederneiras, feita com 82 mil tampas de lata de sardinha, o espetáculo é resultado de uma inovação radical no método de trabalho dos dois criadores. A companhia foi dividida em dois grupos de 11 bailarinos e cada um dos coreógrafos criou e ensaiou independentemente todo o balé, para depois reunir e combinar as duas versões numa só. Como símbolo de sua trajetória, feita de resistência, criação e recriação de uma brasilidade profunda, o grupo escolheu como mote do enredo o fenômeno da piracema, em que os peixes sobem a correnteza do rio, numa dura jornada, para chegarem ao local da desova.
Completando o programa, o Corpo traz de volta Parabelo, de 1997. De inspiração sertaneja, com música de Tom Zé e Zé Miguel Wisnik, o espetáculo será apresentado em sessões conjugadas com as de Piracema. Parabelo, que dura 40 minutos, abre as duas noites. Após intervalo de 20 minutos, o Corpo apresenta Piracema, com 37 minutos de duração.
Outro destaque do fim de semana de estreia é o espetáculo Le Sacre du Sucre (ou A Sagração do Açúcar, em livre tradução), da Cie Trilogie-Léna Blour, de Guadalupe, região ultramarina da França, situada no Caribe, trazido ao Recife numa parceria do poder público municipal com o Consulado da França e a Oficina Brennand. O espetáculo, que será apresentado no sábado (18), no Teatro do Parque, fala sobre as nada doces memórias coletivas cultivadas junto com a cana de açúcar.
Ainda no sábado (18), o Museu Murillo La Greca recebe a Tardezinha no La Greca, com DJ Phino, que marcará a abertura da exposição RecorDança: Acervo em Movimento, sobre o coletivo homenageado, que atua em três frentes prioritárias: a constituição de um acervo virtual de fotos, programas, vídeos, áudios e entrevistas, entre outros conteúdos, a promoção de ações pedagógicas e de difusão, como produção de documentários, podcasts e exposições, além do investimento em pesquisa. Vai ter também exposição estreando no Hermilo Borba Filho, que recebe a mostra Corpo Ancestral: Dança Nagô em Movimento.
A pernambucana Flaira Ferro é outra atração do fim de semana, apresentando o show, no Teatro Apolo, na noite de sábado, e dando aulão de frevo, na manhã do domingo (19), no Teatro Hermilo Borba Filho. A programação do domingo encerra no mesmo Hermilo, com o espetáculo Cavalas, protagonizado pelas baianas Alana Falcão e Ana Brandão, numa coreografia que se alimenta de paradoxos: animal e humano, terror e beleza, mítico e físico, dominação e cuidado, leveza e tensão.
Na segunda (20), o destaque é o espetáculo Nações Africanas, no grupo Bacnaré, patrimônio vivo do Recife, no Teatro do Parque. A terça-feira (21) será de muitas coreografias e geografias. Sob o sol a pino do meio-dia, o festival vai subverter pressa em contemplação, surpreendendo a rotina agitada da Praça do Derby com o espetáculo Memória do Mundo, da recifense Cia ETC. A partir das 19h, a programação alcança os teatros Hermilo Borba Filho e Parque. Neste último, haverá uma sessão de Cine Dança, seguida de espetáculo, com a exibição dos curtas “Rastros e Rotas”, de Yuriê Perazzini (ES), “Saramuná”, de Gabriela Moura (PE), “Longa Repentino”, de Drica Ayub (PE), “Cartas de Despedida”, de Samuel Dompierry (BA) e “Andanças”, da Cia NuA - Núcleo Artístico de dança-teatro (PR).
No Hermilo, a noite de terça será protagonizada por artistas iniciantes da dança pernambucana. O projeto Primeira Cena apresentará quatro coreografias inscritas e selecionadas: “Meu Frevo é assim”, da Cia de dança Recifervo, “Corpo Fé: Trânsitos de presenças, ausências e águas”, de Irys Oliveira, “Fissura”, de Samuel José e “Corpos que dançam entre gerações e memórias”, da Escola Viradança.
Entre os destaques da quarta-feira (22), estão os espetáculos visitantes: “Delírio”, solo do paulista Ângelo Madureira, que é dedicado às danças populares brasileiras e será apresentado no Teatro Apolo; e “Dancemos… que o mundo se acaba”, obra performática, sonora e interativa do grupo argentino BiNeural-MonoKultur, que vai transformar o jardim do Teatro do Parque numa pista de dança, com duas sessões, às 10h e às 14h.
Na quinta (23), o festival apresenta, em parceria com a Embaixada da Espanha e o Instituto Cervantes: “Ellas en Lorca”, produção meio brasileira meio espanhola da Companhia Rosa Flamenca, que faz um recorte da obra de Federico García Lorca, sob a perspectiva dos seres femininos que habitam suas obras. Noutra parceria com o Consulado da França, o Teatro do Parque recebe “Corpos”, da francesa Cia La Mangroove, que questiona como os corpos negros, especialmente os masculinos, navegam entre memória, identidade e representações sociais.
Completam a programação dos dois dias: os espetáculos recifenses “Bolor”, de Gabi Holanda, Guilherme Allain e Isabela Severi, e “Onde a Vida Insiste”, de Guilherme Allain e Isabela Severi, que serão apresentados, respectivamente, no Hermilo e na Praça da Várzea.
O segundo e derradeiro fim de semana da 28ª edição do Festival Internacional de Dança do Recife promoverá o encontro do Recife com a França e a mistura de hip hop com brega e cavalo marinho com baile charme. Na sexta (24), a programação será toda recifense, com dois espetáculos: “Orunmilá”, de Orun Santana; e “Para expectativa somente desvios”, de Marcos Teófilo.
O sábado (25) começa com a “Batalha da Escadaria” no Compaz Eduardo Campos, que vai receber uma programação caprichada, com direito a “Batalha de All Stylle” e “Baile Charme”, até as 21h. Às 17h, o coletivo circo Experimental Negro apresenta “O Encontro da Tempestade a Guerra”, no Apolo. E, às 18h, o Teatro Hermilo recebe a intervenção “Ciclobrega”, da Lúden Cia de Dança, numa dobradinha estratégica.
No domingo (26), o festival encerra com o espetáculo “À un endroit du début”, que será apresentado no Teatro de Santa Isabel, a célebre bailarina Germaine Acogny, pioneira da dança contemporânea na África, mistura, acompanhada pelo francês Mikaël Serre, danças tradicionais de seu país com técnicas contemporâneas, aprendidas na Nova York dos anos 1970.
Outra tradição celebrada no encerramento do festival de dança será o cavalo marinho pernambucano do Estrela Brilhante, no Teatro Hermilo, a partir das 16h.
Formação - A etapa formativa do 28º Festival Internacional de Dança do Recife contará com uma oficina, oferecida gratuitamente a públicos de perfis diversos, entre os dias 17 e 18: Vivência Danças de Blocos Afros, com Vânia Oliveira (BA).
28º FESTIVAL INTERNACIONAL DE DANÇA DO RECIFE
DIA 17 (SEXTA-FEIRA)
Parabelo e Piracema, Grupo Corpo (MG)
Horário: 19h
Local: Teatro de Santa Isabel
(Libras + Audiodescrição)
DIA 18 (SÁBADO)
Tardezinha no La Greca e abertura da exposição RecorDança: Acervo em Movimento
Horário: A partir das 14h
Local: Murillo La Greca
Exposição Corpo Ancestral: Dança Nagô em Movimento
Horário: 18h
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
Show de Flaira Ferro (PE)
Horário:19h
Local: Teatro Apolo
(Libras)
Le Sacre du Sucre, com Léna Blou (França)
Horário: 20h
Local: Teatro do Parque
Parabelo e Piracema, Grupo Corpo (MG)
Horário: 20h
Local: Teatro de Santa Isabel
(Libras + Audiodescrição)
DIA 19 (DOMINGO)
Aulão de Frevo, com Flaira Ferro (PE)
Horário: 10h às 11h30
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
Cavalas, com Alana Falcão e Ana Brandão (BA)
Horário: 18h
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
(Libras + Audiodescrição)
DIA 20 (SEGUNDA-FEIRA)
Nações Africanas, Bacnaré (PE)
Horário: 14h
Local: Teatro do Parque
(Libras)
DIA 21 (TERÇA-FEIRA)
Memória do Mundo, Cia Etc. (PE)
Horário: 12h
Local: Praça do derby
Projeto Primeira Cena
Horário: 19h
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
Meu Frevo é assim, Cia de dança Recifervo / Corpo Fé: Trânsitos de presenças, ausências e águas, de Irys Oliveira / Fissura, de Samuel José / Corpos que dançam entre gerações e memórias, da Escola Viradança
Cine Dança
Horário: 19h
Local: Teatro do Parque
Rastros e Rotas, de Yuriê Perazzini (ES) / Saramuná, de Gabriela Moura (PE) / Longa Repentino, de Drica Ayub (PE) / Cartas de Despedida, de Samuel Dompierry (BA) / Andanças, da Cia NuA - Núcleo Artístico de dança-teatro (PR)
Os Guerreiros: A Luta pela Sobrevivência, Balé Afro Raízes (PE)
Horário: 20h
Local: Teatro do Parque
DIA 22 (QUARTA-FEIRA)
Dancemos... que o mundo se acaba!, BiNeural-MonoKultur (Argentina)
Horário: 10h e 14h
Local: Teatro do Parque
Bolor, Gabi Holanda, Guilherme Allain e Isabela Severi (PE)
Horário: 19h
Local: Hermilo Borba Filho
(Libras)
Delírio, Ângelo Madureira (SP)
Horário: 20h
Local: Teatro Apolo
(Libras)
DIA 23 (QUINTA-FEIRA)
Ellas En Lorca, Companhia Rosa Flamenca (Espanha)
Horário: 19h
Local: Teatro Apolo
Onde a Vida Insiste, Guilherme Allain e Isabela Severi (PE)
Horário:19h
Local: Praça da Várzea
(Libras)
Corpos, Cia La Mangroove (França)
Horário: 20h
Local: Teatro do Parque
DIA 24 (SEXTA-FEIRA)
Orunmmilá, Orun Santana (PE)
Horário:14h e 19h
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
(Libras)
Para Expectativa Somente Desvios, Marcos Teófilo (PE)
Horário: 20h30
Local: Teatro Apolo
(Libras)
DIA 25 (SÁBADO)
Batalha da Escadaria (PE) + From Afrobeats to hip Hop Heat!, Serafin’s Company (PE) + Batalha de All Style (PE) + Baile Charme (PE)
Horário: 15h às 21h
Local: Compaz Eduardo Campos
O Encontro da Tempestade e a Guerra, Circo Experimental Negro (PE)
Horário: 17h
Local: Teatro Apolo
Ciclobrega, Lúden Cia de Dança (PE)
Horário: 18h
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
DIA 26 (DOMINGO)
Cavalo Marinho Estrela Brilhante - Corpo, Brincadeira e Tradição Viva (PE)
Horário: 16h
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
À un endroit du début, Germaine Acogny e Mikaël Serre (Senegal e França)
Horário: 19h
Local: Teatro de Santa Isabel
(Libras)
EXPOSIÇÕES
RecorDança: Acervo em Movimento
Data: 18 a 26 de outubro
Local: Museu Murilo La Grecca
Corpo Ancestral - Dança Nagô em Movimento
Data: 18 a 26 de outubro
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
ETAPA FORMATIVA
Vivência Danças de Blocos Afros, com Vânia Oliveira (BA)
Dias 17 e 18, das 14h às 18h e das 9h às 13h
No Hermilo Borba Filho