Curtas

Pequeno Encontro da Fotografia

Terceira edição do evento acontece dias 10, 11 e 12/11 e leva a Olinda palestra da renomada fotógrafa Maureen Bisilliat, conhecida por seu trabalho com povos tradicionais do Brasil

TEXTO Eduardo Montenegro

08 de Novembro de 2017

Imagem da pesquisa da fotógrafa inglesa no Parque Nacional do Xingu

Imagem da pesquisa da fotógrafa inglesa no Parque Nacional do Xingu

Foto Maureen Bisilliat/IMS/DIvulgação

O nome Pequeno Encontro da Fotografia resume não apenas a proposta do evento em sua curta duração, mas também em sua geografia: o sítio histórico de Olinda, este berço natural e arquitetônico de ideias e afetos, que acolhe a terceira edição do evento entre os dias 10 e 12 deste mês, com programação inteiramente gratuita.

A intenção do encontro é justamente esta: ser mais humano e intimista na relação entre os convidados e o público. “É um encontro de reflexão, de debate, de troca de ideias sobre fotografia. E a fotografia em suas diversas facetas e suportes. Muito mais conceito do que técnica, que é o que a gente tá acostumado quando falamos em oficina”, explica Maria Chaves, uma das organizadoras do evento, junto a Eduardo Queiroga e Mateus Sá. Três fotógrafos de gerações próximas que, influenciados pelos eventos de fotografia que frequentavam, criaram o Pequeno Encontro. A programação completa pode ser conferida AQUI.

Este ano, o projeto se baseia na discussão do publicar, não apenas no sentido impresso, de veículos, mas também em como tornar pública a fotografia, um trabalho fotográfico, seja ensaístico ou documental. Isso, no entanto, se reflete mais nas palestras e oficinas do que nas 16 exposições que acontecem simultaneamente em toda área memorial da cidade-irmã do Recife. Mesmo assim, a programação do evento baseia-se na horizontalidade entre organização e artistas. Durante as palestras, projeções de temáticas livres agregarão os debates com os convidados, enquanto as 16 exposições seguem a mesma temática de não terem temática. 

“No primeiro dia, Celso Oliveira e Fernanda Grigolin, ele do Ceará, ela de São Paulo. Cada um tem sua característica, mas de uma produção significativa. Fernanda é mais do conceito, inclusive ela tem um estudo mais acadêmico sobre fotolivros. Já Celso influenciou muito a minha geração, mais voltado ao fotojornalismo”, conta Maria, em entrevista à Continente. As palestras acontecem no pátio do Mercado da Ribeira, enquanto as oficinas, realizadas durante o dia, em outros locais de Olinda.

NÃO PERCA


Maureen Bisilliat em frame de vídeo. Foto: IMS

Um dos destaques dentro da programação é a palestra da fotógrafa Maureen Bisilliat, inglesa naturalizada brasileira. Desde muito cedo, ainda na infância, ela viveu o “desenraizamento cultural” – conforme aponta sua página no site do Instituto Moreira Sales, onde ela possui acervo –, até fincar os pés em São Paulo, onde se radicou na companhia de seu primeiro marido, José Antonio Carbonell. Isso no ano de 1953. Doze meses antes havia experimentado a pintura, mas foi através da influência de seu companheiro que começou a experimentar na câmera, aproveitando a imigração japonesa nas fazendas de algodão no interior paulista.

Desde então, seus trabalhos fizeram a fotógrafa, hoje com 86 anos, ser considerada um “ícone da fotografia brasileira”, segundo expressa Maria Chaves. Um de seus mais notáveis trabalhos, por exemplo, está na pesquisa envolvendo o Parque Nacional do Xingu, publicada em dois volumes sob o título de Xingu, com os subtítulos Detalhes de uma cultura e Território tribal, de 1978 e 1979, respectivamente. Além disso, acumula em sua carreira livros de ensaios fotográficos que realizava quando juntava as malas e viajava.

A palestra O antes e o hoje, programada para acontecer no sábado (11/11), às 19h, será mediada pela editora da Continente, Adriana Dória Matos. Em seguida, o encontro recebe a fala A violência da fotografia, com o curador Moacir dos Anjos.

EDUARDO MONTENEGRO, estagiário da Continente e estudante de Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap).

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