Curtas

Bonanza

O músico pernambucano Fernandes lança álbum com influência do rock psicodélico e da Tropicália

TEXTO Erika Muniz

01 de Agosto de 2018

Fernandes

Fernandes

Foto Divulgação

[conteúdo na íntegra (degustação) | edição 212 | agosto de 2018]

“Depois da tempestade
, vem a bonança.” Esse dito popular sugere o estado em que o mar, após períodos mais turbulentos, encontra o sossego favorável à navegação. Desse ponto de partida e com muita influência do rock psicodélico e da Tropicália, o jovem músico pernambucano Fernandes cria o conceito de seu álbum Bonanza, atualvencedor da categoria Pop, do Prêmio da Música de Pernambuco.

Já de início, o artista faz questão de declarar: “Esse é um disco feito por muitos, repleto de participações. Quem foi chegando, foi agregando”. Apesar de considerar Bonanza seu álbum de estreia, grande parte das parcerias e contribuições do disco vem de experiências anteriores nos palcos, quando acompanhou outros músicos ou trabalhou de roadie em eventos. Na correria dos bastidores, pôde trocar ideias com ídolos, como o guitarrista cearense Fernando Catatau e mais recentemente com Otto, no último festival Rec-Beat.

Em 2014, o compositor já havia disponibilizado no YouTube o EP Sem eira, nem beira, com as primeiras versões de duas canções – Passatempo e 1930 – que compõem o mais recente disco. Neste trabalho, Fernandes é acompanhado pelos músicos Diego Drão (teclado, piano e synth), José Martins (bateria) e Karl Kingman (baixo).

Como acontece com outros nomes da cena indie, a alternativa encontrada para entrar em contato com o público, divulgar a agenda de shows e até agregar possíveis parcerias se dá através das redes sociais. Sua relação com o produtor Jr. Tolstoi, responsável pela coprodução musical, aconteceu justamente daí. Após troca de mensagens e convite aceito pelo produtor, as gravações de Bonanza se dividiram entre o estúdio MiniStereo, no Rio de Janeiro, e o Carranca, no Recife. O seu interesse e afinidade com o trabalho de Tolstoi foi imediato, devido à consistente autoralidade como guitarrista e as produções musicais de nomes já consagrados como Lenine e Jards Macalé. Outra participação especial é a do poeta Manuca Bandini, parceiro de Ylana e Yuri Queiroga na belíssima trilha sonora do filme Tatuagem.

Quem conhece a estética das capas e cartazes da Devotos ou visitou a exposição A arte é um manifesto, em cartaz no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam), no Recife, logo reconhece as pinceladas da prata da casa, Neilton Carvalho, nas ilustrações de Bonanza. O artista é responsável por todo o projeto gráfico. A identidade visual apresenta uma espécie de tensão entre delicadeza e agressividade, em diálogo com parte das letras e arranjos do álbum.

Em entrevista à Continente, Fernandes afirma: “Bonanza nasce do instinto de trazer a minha realidade com a arte, temas que estão muito presentes no meu cotidiano. Foi uma experiência de muita troca de energias e diálogos. Após tempos complicados como estes, a bonança vem e serve como um norte”.

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