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Ópera: inspiração em Mário de Andrade e Oscar Wilde

Espetáculo do compositor carioca Marcos Vieira Lucas, que entrelaça o universo dos pescadores nordestinos com conto do escritor irlandês, ganha montagem local

TEXTO Mariana Camaroti

01 de Julho de 2015

Virgínia Cavalcanti e Luiz Kleber Queiroz estão na ópera. A regente será Maria Aida Barroso

Virgínia Cavalcanti e Luiz Kleber Queiroz estão na ópera. A regente será Maria Aida Barroso

Fotos Renata Victor/Divulgação

O pescador e sua alma foi concebida para estrear no Recife. A ópera deveria ter sido encenada num novo espaço que, nos anos 2000, se comentava que a cidade ganharia: o Centro Cultural Banco do Brasil. Como o projeto não saiu, ela terminou sendo apresentada, em 2008, no Rio de Janeiro e em Brasília. Neste julho, entre os dias 8 e 12, às 20h, no Teatro de Santa Isabel (Centro do Recife), o público local poderá conhecer o espetáculo, numa montagem financiada pelo Funcultura e coordenada pelo barítono carioca e professor do Departamento de Música da UFPE Luiz Kleber Queiroz.

Ele conta que assistiu à primeira montagem no Rio, quando nem pensava em vir morar no Recife. Já em terras pernambucanas, pensou em trazer a ópera, assinada pelo compositor carioca Marcos Vieira Lucas, para os palcos da cidade. A música dessa obra foi baseada numa canção de pescadores recifenses – chamada O que o mar leva – pinçada do livro As melodias do Boi e outras peças, de Mário de Andrade. “Ela tem uma ligação profunda com esse universo. Na verdade, eu não sabia que, no projeto original, a ópera estrearia no Recife; foi numa conversa com Marcos que descobri. Foi tudo uma grande coincidência”, conta Luiz Kleber Queiroz.

A obra tem como argumento um conto homônimo do irlandês Oscar Wilde, que traz a história de um pescador que aprisiona em sua rede uma bela sereia. O personagem (na ópera, interpretado por Luiz Kleber Queiroz) se apaixona e, para vivenciar esse amor, precisa abandonar a sua alma. “Esse enredo recupera a discussão sobre a alma, muito forte no século 19”, pontua o barítono, destacando o trabalho do ator, dramaturgo e diretor musical Guilherme Miranda, que fez as adaptações necessárias para consolidar o libreto do espetáculo. A montagem fará uma homenagem a Wilde, que estará presente em cena – a narrativa se passará num espécie de sonho desse personagem.

Todo o elenco de O pescador e sua alma é composto por professores de canto e de música da UFPE e por uma orquestra de câmara também formada por docentes da instituição; a direção musical e regência são de Maria Aída Barroso, e a direção de cênica e de figurinos, de Marcondes Lima. Tanto o compositor carioca Marcos Vieira Lucas quanto o libretista Guilherme Miranda estarão presentes na estreia. No total, serão seis apresentações durante cinco dias, incluindo uma récita extra, com audiodescrição, no dia 11 de julho, às 16h. A entrada é gratuita. 

MARIANA OLIVEIRA, editora-assistente da revista Continente.

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